Perda de força e potência muscular relacionado com a idade
Sabemos que a força é uma das mais importantes valência físicas. A fraqueza dos músculos pode avançar até que uma pessoa idosa não possa realizar mais as atividades comuns da vida diária, tais como tarefas domésticas de levantar-se de uma cadeira, varrer o chão ou colocar o lixo fora. Logo, é importante manter a força conforme envelhecemos, porque ela é vital para a saúde, para a capacidade funcional e para a vida independente (Fleck e Kraemer, 1999).
Sob condições normais, o desempenho da força apresenta o seu pico entre 20 e 30 anos, após esse período ela permanece relativamente estável ou diminui ligeiramente durante os 20 anos seguintes. Aos 60 anos ocorre uma diminuição mais brusca, sendo nas mulheres as quedas mais dramáticas (Hakkinen et al. apud Fleck e Kraemer (1999)). A partir dos 70 anos esta queda se torna ainda mais brusca.
É óbvio que esta magnitude depende do sexo e da musculatura específica. O envolvimento de longo tempo com o treino de força parece compensar esta perda e parece aumentar a capacidade da força absoluta efetiva mas, os declínios ocorrem até mesmo em levantadores de peso, sendo este um processo fisiológico natural (Fleck e Kraemer, 1999).
Num estudo realizado por Bassey e Harries apud Fleck e Kraemer (1999) encontrou-se uma perda de 2% da força do aperto de mão por ano em pessoas idosas. Num período de 4 anos, entretanto, essa perda passou a ser de 3% ao ano para homens e aproximadamente 5% para mulheres.
Dados transversais e longitudinais indicam que a força muscular diminui aproximadamente 15% por década durante a sexta e sétima décadas e depois, aproximadamente, 30% (Fleck e Kraemer, 1999).
Além da perda de força, a capacidade do músculo de exercer força rapidamente (potência) parece diminuir com a idade. Essa habilidade é vital e pode servir como um mecanismo protetor nas quedas, uma das causa mais importantes de lesões. Tal potência não tem sido muito estudada em idosos, apesar desta valência ser considerada mais importante que a própria força devido à importância desta para o cumprimento das capacidades funcionais do indivíduo que exigem um desenvolvimento rápido de força. Num estudo de Bassey et al. apud Fleck e Kraemer (1999) a potência de extensores da perna foi significativamente correlacionada com a velocidade de se levantar da cadeira, velocidade e potência de subir escadas e velocidade das caminhadas. As correlações entre potência e capacidade funcional foram maiores nas mulheres do que nos homens. Para ambos os sexos, entretanto, os dados indicaram que a potência é importante para o desempenho das atividades diárias, e que se a potência diminui, também diminui a capacidade de realizações dessas atividades.
Hakkinen e Hakkinen apud Fleck e Kraemer (1999) sugeriram que a capacidade de produzir força no início de uma curva força-tempo pode ser comprometida pelo envelhecimento. O tempo necessário para produzir força isométrica máxima foi significativamente mais longo nas mulheres de 70 anos do que nas de 30 e 50 anos.
A capacidade de produzir força rapidamente pode diminuir mais do que a força máxima, especialmente em idosos. Young e Skelton apud Fleck e Kraemer (1999) verificaram que a potência dos membros inferiores pode ser perdida em proporção de 3,5% por ano a partir dos 65 anos até 84 anos. Grassi et al. apud Fleck e Kraemer (1999) verificou que o pico de potência anaeróbica em atletas qualificados de resistência e potência diminui linearmente em função da idade em proporção de 1% ao ano. Isso significa que uma pessoa de 75 anos tem apenas 50% da potência anaeróbica de uma pessoa com 20 anos.
Com isso, então, parece que o trabalho de potência muscular e de força devem ser o principal objetivo do treinamento para essa população devido ao fato de que existem muitas lesões advindas de quedas e também a independência desta população depende disso.
Mecanismos da redução da força e da potência muscular:
Existem diversos fatores que contribuem para a perda da força muscular com a idade. Alterações músculo-esqueléticas, acúmulo de doenças crónicas, medicamentos necessários para o tratamento de doenças, alterações no sistema nervoso, redução das secreções hormonais, desnutrição e atrofia por desuso são os principais fatores. A interação destes e os mecanismos que predominam sob certas condições ainda não estão bem claros. Neste estudo citaremos apenas as alterações na musculatura esquelética.
Alteração músculo-esquelética – Sarcopenia. Tem sido sugerido que a diminuição da massa muscular é o principal fator para a redução da força com o avanço da idade. Essa diminuição foi denominada de sarcopenia (Evans e Campbell apud Fleck e Kraemer 1999). O termo vem do grego sarkos (carne) e penia (pobreza) e foi adotado para caracterizar esta síndrome (Evans e Campbell apud Frontera et al., 2001). A idade somente parece não afetar a qualidade das contrações musculares quando esta é equilibrada pela massa muscular. Esta afirmação confirma o fato de que o principal fator de redução da força com a idade é a sarcopenia (Frontera et al., 2001). Conforme se envelhece, observa-se uma tendência geral na redução da massa muscular. Parece que este efeito na massa muscular independe da localização da musculatura (membros inferiores vs membros superiores) e de sua função (extensão vs flexão) (Frontera et al., 2001).
A.Young et al. apud Fleck e Kraemer (1999) demonstrou que a área da secção transversa do quadríceps de mulheres de 70 anos era de 77% das mulheres com 20 anos de idade. Lexell et al. apud Frontera et al. (2001) verificou que músculos de homens e mulheres mais velhos eram de 25% a 35% menores e tinham significativamente mais gordura e mais tecido conjuntivo que tecidos de jovens adultos. Imamura et al. apud Fleck e Kraemer (1999) também verificou que não há apenas uma diminuição da área de secção transversa, mas também um aumento da gordura intramuscular, sendo tais mudanças mais pronunciadas em mulheres.
Akima et al. (2001) investigou as características funcionais dos músculos flexores e extensores do joelho de homens e mulheres com idades entre 20 e 84 anos, determinando o tamanho muscular, utilizando uma técnica de ressonância magnética em conjunto com medidas de força muscular. Um total de 164 voluntários participaram do estudo, todos divididos em cinco grupos: 20 anos (20-39 anos), 40 anos (40-49 anos), 50 anos (50-59), 60 anos (60-69) e 70 anos (70 a 84). O pico de torque durante flexão isométrica e isocinética de joelhos em 60º, 180º e 300º foi mensurado pelo dinamômetro isocinético Cybex 770-Norm.
Os valores de pico de torque nos indivíduos (homens e mulheres) de 60 e 70 anos foram significativamente menores em relação ao de 20 anos. Com o envelhecimento, o pico de torque muda durante a extensão isocinética de joelho. O torque de extensão de joelhos em todas as velocidades angulares em homens e mulheres gradualmente decresce com o envelhecimento. Em homens e mulheres, o pico de torque isocinético durante extensão de joelhos em todos os testes de velocidade em 40, 50, 60 e 70 anos foi menor que nos indivíduos de 20 anos.
O torque de flexão de joelhos em todos os testes de velocidades em homens e mulheres gradualmente decresce com o envelhecimento. Em homens e mulheres de 60 e 70 anos, o pico de torque isocinético durante a flexão de joelhos em todos os testes de velocidades, foi menor que nos de 20 anos.
Uma significante relação com a idade na perda de torque para homens e mulheres foi observada na extensão de joelhos em todos os testes de velocidade, onde a percentagem do declínio por década no torque de extensão de joelho em homens e mulheres foi de 12% e 8%, respectivamente e no torque de flexão de joelhos foi de 11% e 8% respectivamente.
Há uma importante correlação entre área de secção transversa do quadríceps e o torque máximo de extensão de joelhos em homens (r=0,827) e em mulheres (r=0,657). A força e a área de secção transversa do músculo diminui linearmente com o avanço da idade em homens; contudo não houve declínios associados à idade em mulheres,
Esses declínios na massa muscular afetam diretamente o metabolismo basal e até a capacidade de exercício total de pessoas mais velhas, ao contrário de adultos jovens (Tzankoff e Norris apud Frontera et al., 2001). Fleg e Lakatta apud Frontera et al. (2001) mostraram que a perda da massa muscular pode ser responsável por aproximadamente 30% dos declínios de VO2máx. com o avanço da idade quando este é normalizado pela massa muscular.
O declínio na massa muscular é causado pela redução no tamanho e/ou pela perda das fibras musculares individuais (Frontera et al. apud Fleck e Kraemer, 1999). Parece que existe uma perda preferencial das fibras do tipo II (contração rápida) com o envelhecimento.
Sabe-se que a qualidade da proteína também pode ser afetada, porque as cadeias pesadas de miosina (CPM) transformam-se para um tipo mais lento, o que poderia afetar a velocidade do ciclo das pontes cruzadas de actina e miosina durante as ações musculares (Sugiura et al. apud Fleck e Kraemer, 1999). Além disso, já se sabe há algum tempo que a atividade da miosina ATPase diminui com o envelhecimento (Syrovy e Gutmann apud Fleck e Kraemer, 1999).
A perda das fibras musculares do tipo II também significa uma perda das proteínas rápidas de CPM (Fry et al. apud Fleck e Kraemer, 1999). Portanto, a perda tanto da quantidade como da qualidade das proteínas nas unidades contráteis dos músculos proporciona uma base bioquímica estrutural para a perda da força e potência muscular com o envelhecimento.
Sabemos que muitas das mudanças relacionada com a idade podem ser heterogêneas. Em vez de ser uma parte inevitável do processo de envelhecimento, a perda da massa muscular e de força podem estar mais relacionadas com os padrões habituais de atividade. Klitgaard et al. apud Frontera et al. (2001) relatou que a força e a massa muscular nos homens de 69 anos que haviam feito treinamento de força por 12 a 17 anos eram maiores do que nadadores ou corredores de mesma idade.
Relação idoso vs osteoporose:
Caracterizada como a diminuição da massa óssea, pela deterioração estrutural do tecido ósseo (Frontera et al. 2001) ou também, como uma doença ósseo sistémica caracterizada por uma baixa densidade óssea e pela deteriorização microestrutural do tecido ósseo, a oestoporose tem se tornado fator primordial de pesquisas que tratam sobre as lesões ósseas em idosos. Nosso corpo está em um constante processo de formação e reabsorção óssea, sendo chamado esse fenómeno de remodelação óssea a qual difere em cada fase da vida (inicio e envelhecimento). Por volta dos 30 e 35 anos, é que nós atingimos a nossa massa óssea máxima e, entre os 40 e 45 anos, essa massa óssea permanece estável. Após esse período, a perda é de 1% ao ano (Fleck e Junior, 2003).
Aproximadamente cerca de 250 milhões de americanos sofrem desta doença, com mais ou menos 1,5 milhão de fraturas registradas sendo que 250.000 são de quadril, gerando um custo de + 8 bilhões de dólares e um aumento de 10% a 20% do risco de mortalidade (Frontera et al., 2001). As regiões mais afetadas pela osteoporose são as vértebras lombares, articulação do quadril (triângulo de Ward) e os processos estilóides da articulação do punho.
A osteoporose divide-se em três tipos: Tipo I ou pós-menopausa gerada por uma queda na produção de estrogênio o qual está vinculado a massa óssea, Tipo II ou senil que é causada devido às quedas hormonais no sedentarismo e, por fim, a osteoporose Tipo III, relacionada ao uso de medicamentos, principalmente ao uso de corticóides. O tratamento da osteoporose pode ser farmacológico e não farmacológico, sendo que no tratamento farmacológico são utilizados reposições hormonais, biofosfatos, calcitonina e MSREs (moduladores seletivos de receptores de estrogênio) e, no tratamento não farmacológico, suplementos de cálcio e vitamina D. Nutrição e atividade Física são os meios mais corretos para combater a doença.
São considerados fatores de risco para essa patologia o fato do individuo, principalmente do sexo feminino, ter tido menopausa precoce, ser de idade avançada, ser de raça branca e amarela, com histórico familiar mostrando casos da doença, sedentário, ter dieta pobre em cálcio, ter removido os ovários na pré-menopausa, ter usado esteróides anabolizantes e ter irregularidade menstrual e anorexia nervosa (Usdhhs, 1991 apud Frontera et al., 2001). Estudos demonstram que o osso adapta-se a cargas físicas e mecânicas impostas a ele, alternando sua massa e sua força (Frontera et al., 2001). O treinamento a 80% de uma repetição máxima, com + 8 repetições, gera aumentos consideráveis na massa óssea de indivíduos adultos.
Estudos comparando crianças que praticavam atividades de alto impacto, associadas a um trabalho de força, com crianças do mesmo sexo e idade que praticavam natação ou alguma atividade física de baixo impacto, demonstraram que o grupo de crianças praticantes de atividades de alto impacto obteve ganhos de massa óssea maiores que as crianças praticantes de atividades de baixo impacto.
Fleck, S. J. e Junior, A. F. no livro “Treino de força para fitness e saúde” (2003) afirma que o treino de força causa ganhos de massa óssea tanto nos membros superiores quanto nos membros inferiores, enquanto a corrida e o ciclismo têm somente alterações de densidade mineral óssea (DMO) nos membros inferiores.
Evidencias sugerem que a intensidade dos estímulos é mais importante do que a frequência com que são aplicados, mas a alta intensidade não é o único meio de se aumentar a massa óssea porém, é mais efetiva do que a baixa intensidade do treinamento de força (Vincent, K. R. e Braith, R. W., 2002). Para esta constatação foi feito um estudo com 84 indivíduos, homens e mulheres, entre 60 e 83 anos, livres de quaisquer problemas ortopédicos e cardiovasculares. Foram obtidas coletas de sangue (a fim de avaliar as variáveis bioquímicas), teste de 1RM (para a determinação de carga e ganhos de força), densidade mineral óssea (corpo todo, colo do fémur, espinha antero posterior, triangulo de Ward e espinha lateral) de cada indivíduo, para análise comparativa no final do estudo.
O treino realizado foi através do modelo do Américam College Sports and Medicine que consistia em 8 a 10 exercícios de 10 a 15 repetições , com sessões de treinamento de três vezes por semana durante seis meses. Os sujeitos foram divididos em três grupos: controle “COM” (grupo o qual não realizou nenhum treinamento nem atividade física) ,”AI” alta intensidade, “BI” baixa intensidade. O grupo AI treinava a 80% de 1RM realizava 1 série para cada exercício efetuando mais ou menos 8 repetições, o grupo BI treinava a 50% de 1RM, 1 série para cada exercício efetuando por volta de 13 repetições. A duração das sessões variava em torno de 30 minutos de atividade incluindo o aquecimento e o alongamento realizado em cada sessão de ambos os grupos. Os exercícios escolhidos foram supino, leg press, flexão e extensão de joelhos, extensão lombar, paralela sentado, desenvolvimento de ombros por trás, remada sentado e rosca direta.
Os resultados obtidos no final desta pesquisa demonstraram que o aumento da força não se diferencia muito entre BI e AI, que homens e mulheres têm os mesmos ganhos de DMO, que o treinamento em AI aumenta a DMO e, que ocorre uma alteração nos índices bioquímicos metabólicos (aumento nos agentes ósseos anabólicos e diminuição dos catabólicos).
Adaptações do treino com o envelhecimento:
As primeiras pesquisas voltadas para o treino de pessoas idosas preocuparam-se apenas na questão relacionada com perda de massa muscular e da força muscular associada a idade e, conseqüentemente, buscavam subsídios para basear treinamentos, em sua maioria, de baixa intensidade. Tal fato admite por si só que o idoso não poderia realizar atividades de força em alta intensidade. Muitos motivos foram levantados mas pouco se pesquisou a respeito, e quase nada se sabia sobre as modificações do organismo do idoso submetido a treinamento de força, sendo esta de baixa ou alta intensidade.
B. Brown, McCartney e Sale, (1990) e, Moritani e De Vries, (1980) apud Fleck e Kraemer (1999), foram os primeiros que conseguiram mostrar que pode ocorrer um aumento de força devido a modificações neurais nos idosos. Já Aniansson e Gustafsson (1981) apud Fleck e Kraemer (1999), descobriram haver pouca alterações nas variáveis modificáveis em um treinamento de baixa intensidade comparado a adultos jovens, chegando-se a conclusão de que o idoso tem uma menor capacidade de responder ao treinamento. Porém, no mesmo estudo citado anteriormente, Moritani e De Vries (1980) apud Fleck e Kraemer (1999), provaram que os idosos tinham a capacidade de ganho de força preservada, porém com reduzida capacidade de hipertrofia. Fiatarone et al. (1990) conseguiu mostrar um aumento relativo de força e hipertrofia em um grupo de idosos muito velhos que treinaram durante 8 semanas em alta intensidade. Charette et al. (1991) apud Fleck e Kraemer (1999) identificou, através de biópsias em músculos treinados em força de alta intensidade, um aumento significativo na área de fibras do tipo II, e não significativo nas do tipo I.
Do fato da discussão sobre a capacidade de ganhos de força e hipertrofia muscular em adultos velhos ter se iniciado com base nos trabalhos dos autores já citados, muitos outros pesquisadores se propuseram a estudar tais variáveis. Levando-se em conta que nesta fase o indivíduo possui seu equilíbrio, sua capacidade articular e sua mobilidade debilitados, percebeu-se a necessidade de manter, ou até aumentar, a capacidade de força e volume muscular, fato que melhorou a rotina destes em sua atividades de vida diária, e até evitou quedas e lesões muito comuns, devido a doenças como a osteoporose e artrite.
Diversos artigos preocuparam-se com o tema em seus objetivos. Um bom exemplo é o artigo utilizado para este trabalho denominado: “Treino de Força de Alta Intensidade para Nonagenários” (Fiatarone et al., 1990). Em sua avaliação mediu-se a velocidade de deslocamento do indivíduo em uma distancia de 6 metros antes e após 8 semanas de treinamento do músculo quadríceps, onde se verificou uma melhora bastante significativa no tempo gasto para realizar tal deslocamento. Todos os indivíduos participantes do programa relataram melhora na realização das atividades rotineiras que lhes eram difíceis de executar e, dois destes, que utilizavam bengalas para executar o deslocamento, abdicaram destas por algum tempo durante e após o termino do mesmo.
Este estudo também identificou um ganho bastante significativo de força muscular, chegando a média de ganho do grupo a 174%, a área muscular do quadríceps aumentou 14,5% e dos adutores 10,6%, e foram medidas por Tomografia Computadorizada. Verificou-se, também, que os ganhos obtidos com o treinamento tiveram seus valores superados em apenas 4 semanas de destreino, fato que comprova a perda muscular nesta idade. Em geral este grupo desenvolveu um aumento de força máxima no membro inferior de 61% para 374%. Os autores correlacionam este fato a uma melhora da velocidade de caminhada que, segundo suas conclusões ocorreu devido a melhora da potência muscular localizada do quadríceps.
Concluem que realmente é possível e importante trabalhar em alta intensidade de treinamento de força com idosos, pois os ganhos em força, potência muscular e equilíbrio, assim como melhoram a função clínica como um todo, justificam a tal aplicação, superando qualquer tipo de problema que dele possa decorrer.
Treino de força e o processo de envelhecimento:
O treino de força pode estimular o aumento da densidade óssea e reverter a sarcopenia no idoso.
Existem várias mudanças com o envelhecimento. Entre elas, duas são as mais importantes: a capacidade aeróbica e a função muscular. O exercício é reconhecido por melhorar ambas as variáveis em indivíduos mais jovens.
A resposta fisiológica mais básica ao treinamento de força, principalmente para uma pessoa idosa, é um aumento na força muscular; beneficiando assim as atividades da vida diária, além de manter e melhorar a capacidade aeróbica. (Fronteira et al., 2001).
Na pessoa da terceira idade, o treinamento de força provoca hipertrofia muscular, porém esta é muito modesta (de 10 a 20%) em comparação com as grandes mudanças que se observam em relação à força. Podemos tranqüilizar a mulher da terceira idade que por razões sociais, receia o aparecimento de músculos salientes. (Pickles et al,, 1998).
Alguns estudos citados por Fronteira et al. (2001), revelam um aumento dramático na força muscular e observaram mudanças funcionais positivas para mobilidade, especificamente, velocidade de marcha habitual e capacidade para subir escadas e atividades física espontânea.
No programa de treinamento para terceira idade, deve-se ter uma combinação de treinamento aeróbico, força, alongamento e equilíbrio, utilizando todas as modalidades de exercícios com os grandes grupos musculares de membro inferior e membro superior. O trabalho aeróbico deve ser feito de três a cinco dias por semana, em sessões de 5 a 60 minutos. O Treino de força em dois ou três dias intercalados, deve incluir duas a três séries de 8 a 12 repetições para cada grupo muscular com pequenos intervalos entre as séries.
É sensato iniciar com intensidades mais baixas (por autopercepção, 30 a 50% de 1RM, ou 40 a 50% FCmáx), e aumentando gradualmente. É altamente recomendado o uso da Escala de Índice de Esforço Percebido de Borg.
Embora os mesmos princípios gerais de exercício empregados para adultos mais jovens (por exemplo intensidade, regime de treinamento e freqüência) sejam os mesmos aplicados para os idosos e, mesmo que algumas pesquisas mostrem que as lesões musculares, para ambas as categorias, são semelhantes (Roth, S. M. et al., 1999), características peculiares dos idosos requerem algumas considerações especiais. (Fronteira et al., 2001).
Fatores tais como a diminuição da acuidade sensorial e da tolerância aos fatores de estresse do meio ambiente, as diferenças no tocante as atividades preferidas e os maiores riscos para a saúde, precisam ser levados em consideração para que o programa seja bem sucedido. (Pickles et al., 1998).
Outras questões também devem ser levantadas, como por exemplo, parâmetros biomecânicos, na qual podem contribuir para que o idoso tenha uma melhora fisiológica e um menor gasto energético. A forma de caminhar, apesar de ser uma questão multifatorial, pode estar vinculada a esses cuidados biomecânicos e, consequentemente, o trabalho de musculação pode auxiliar na melhora do andar, visando um ganho na qualidade de vida (Hausdorff, J. M. et al., 2001).
A regulação dos fatores ambientais durante os exercícios reveste-se de especial importância diante da deficiência em relação à regulagem térmica. A hipertermia ocorre com maior facilidade no idoso. Por isso deve-se incentivá-lo a tomar líquidos, antes e durante as sessões.
Os princípios do treinamento incluem: seleção do exercício e seqüência do treinamento; séries de exercícios, sobrecarga do exercício, repetições do exercício, progressão treinamento e esforço do treinamento.
Recomenda-se; treinar os grupos musculares antagonistas em pares pois na freqüência do treinamento existem um microtrauma tecidual temporário das células que estimulam o processo de desenvolvimento de força, por isso devemos realizar o treinamento de força em dias não consecutivos da semana, sendo a organização alternada por segmento e os exercícios podem ser dinâmicos ou isométricos. Não são indicados os exercícios de agachamento por aumentarem a pressão arterial, os de inversão pelo desconforto e tontura e, os de overhead por aumentar a pressão axial. Para uma ordem de exercício é indicado um aquecimento orgânico geral, mobilidade articular e um aquecimento específico.
Alta resistência vs resistência variada de treino em idosos:
Muitos estudos tentam mostrar o aumento da força em adultos velhos e do tamanho do músculo com um treinamento de resistência. É aceita que generalidades do treino como intensidade a 60% ou força máxima voluntária, com associação relativa de um aumento na força muscular, é uma maneira opcional de avaliar ou improvisar, estabelecendo um treino de resistência entre 80% e 90% do máximo (Badilo e Ayestarán, 2001).
Um estudo desenvolvido por Gary R. H, et al. (2001), teve como objetivo comparar um treino de alta resistência de 3 vezes na semana à 80% de um 1RM , com um treino de resistência variável sendo 3 vezes na semana porém um a 50%, outro à 65% e à 80% de um 1RM em adultos velhos.
O grupo controle não teve nenhuma mudança significativa em nenhum parâmetro (composição corporal, força, dificuldades na atividades de vida diária e percepção de esforço). Num período de 6 meses, sendo realizado à cada 25 dias um teste de 1RM, não havendo tamanho de peso em nenhum grupo, mas o grupo que fez resistência variável teve um aumento na massa adiposa corporal. Tanto a ANOVA quanto a POST HOC, verificou que os dois grupos diminuíram o percentual de gordura e massa livre de gordura e aumento da massa, aumento da força máxima de flexão de cotovelo e extensão de joelho significativamente o Post Hoc mostrou que não existe diferença nos valores de ganho entre os dois grupos para todas as variáveis. O consumo de O2 não mostrou mudanças significativas durante as atividades de vida diária, porém diminuíram significativamente a percepção de esforço cardíaco e freqüência cardíaca, depois do treino. Também no Post Hoc test percebeu-se uma diminuição na atividade eletromiográfica após o treino de resistência variável.
Os resultados sustentam o uso do treino de resistência variável em adultos velhos por reduzir a ativação muscular em atividades de vida diária (força máxima), pois ambos os treinos diminuíram a massa livre de gordura, a percepção de esforço cardíaco para as atividades de vida diária e aumentaram a força.
Considerações finais:
A deterioração “normal” da função fisiológica com a idade pode ser atenuada ou revertida com o treino regular de endurance e de força. Os benefícios da participação em um programa regular de exercício incluem um melhor perfil dos fatores de risco (HDL-colesterol mais elevado e menor pressão arterial), mas os efeitos do treino podem demorar a serem percebidos.
As orientações dos programas físicos para os idosos são similares às dos programas para jovens, enfatizando a necessidade de um exame médico e a investigação dos fatores de risco. O esforço necessário para a obtenção do efeito do treino pode ser inferior ao dos indivíduos mais jovens (Powers, S. K. e Howley, E. T., 2000).
In http://www.efdeportes.com/ Revista Digital